Chefe do FMI vai permanecer sob custódia até próxima audiência após tribunal negar fiança de US$ 1 milhão

NOVA YORK - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, vai permanecer sob custódia do governo americano até a próxima audiência do caso em que é acusado de abusar sexualmente de uma camareira num hotel de Nova York. O tribunal de Manhatan negou o pagamento de fiança de US$ 1 milhão proposto pela defesa, que ainda garantiu a permanência do chefe do FMI em Nova York. Ele deve voltar a se apresentar na próxima sexta-feira, dia 20.

Os promotores do caso pediram que Strauss-Kahn continuasse sob custódia pela preocupação de que ele possa fugir para a França caso seja solto. O político é alvo de quatro acusações por três crimes: abuso sexual, tentativa de estupro e cárcere privado.

Na saída da audiência, o advogado de Defesa Benjamin Brafman disse estar decepcionado com a decisão da Justiça que negou a fiança. Ele considera que a batalha está apenas começando. Segudo ele, o caso é defensável e eles vão conseguir provar a inocência de DSK. O advogado pediu ainda que a imprensa evite pré-julgamentos.

Strauss-Kahn passou a maior parte do domingo na delegacia de Manhattan da Special Victims Unit, no Harlem, enquanto promotores buscavam novas evidências que pudessem provar sua culpa no caso do suposto abuso sexual, incluindo vestígios de DNA em sua pele ou sob suas unhas. Já seus advogados afirmaram que têm provas de que o chefe do FMI estava em um restaurante almoçando com a filha no momento do suposto ataque contra uma camareira de 32 anos em uma suíte de US$ 3 mil num Sofitel de Manhattan, informou a rádio francesa RMC.

Por volta das 23h de domingo, Strauss-Kahn, vestindo uma jaqueta preta e blusa cinza, deixou a delegacia algemado. Nas horas anteriores, seus advogados anunciaram que DSK concordou em fazer exame de corpo de delito .

Segundo o jornal "New York Times", autoridades afirmaram que entraram com um pedido na Justiça por um mandado para examinar o chefe do FMI em busca de sinais de ferimentos que ele possa ter sofrido durante a briga com a camareira ou de vestígios do DNA da vítima.

- Coisas como esses pequenos vestígios debaixo das unhas, as clássicas evidências que se podem associar a um abuso sexual - explicou um oficial.

A autoridade, que não quis se identificar já que a investigação está em curso, afirmou que há uma grande possibilidade que seja permitido a DSK o pagamento de fiança e que os investigadores teme que ele possa deixar os EUA com pistas do crime.

Ira Judelson, um fiador envolvido no caso, disse mais cedo que um pacote abrangente de fiança estabeleceria onde Strauss-Kahn iria ficar enquanto o caso prossegue. Ele acrescentou que a fiança poderia ser de milhões de dólares.

Camareira se mudou há pouco tempo para o Bronx com a filha adolescente

Enquanto a ordem judicial não era concedida, a camareira reconheceu DSK na delegacia por volta das 16h30m numa linha de suspeitos formada pela polícia, que tinha ainda outros cinco homens. Em seguida, ela deixou o local coberta com um pano sobre a cabeça.

A polícia deu poucos detalhes sobre a mulher. Ela é uma imigrante africana que mora no Bronx com a filha adolescente. O síndico do prédio disse que ela se mudou há poucos meses.

- Eles são boa gente - disse um vizinho, também africano.

- Toda vez que a vejo fico feliz porque somos da África. Ela nunca deu problema para ninguém. Nenhum barulho. Tudo tranquilo - acrescentou.

No hotel Sofitel, uma funcionária, que não quis se identificar, descreveu a camareira como simpática:

- Ela é uma boa pessoa - disse.

A fonte relatou ainda que os supervisores do hotel pediram que os outros empregados não questionassem a mulher sobre o que aconteceu.

- O chefe disse: 'Não perguntem muito porque ela está triste. Apenas dêem um abraço nela quando ela voltar'.

Strauss-Kahn deixou o hotel apressado e esqueceu objetos pessoais

A polícia foi chamada ao hotel por volta das 13h30m no sábado, mas quando chegou Strauss-Kahn já tinha saído. Um hóspede disse que o motorista do hotel que levou o chefe do FMI ao aeroporto relatou que ele estava com pressa.

- Ele disse que Strauss-Kahn estava com muita pressa. Ele queria sair o mais rápido possível. Ele parecia irritado e estressado, falou o motorista - relatou Mortem Meier, de 36 anos.

Mas a versão diverge da que será apresentada pelos advogados de DSK. Segundo a rádio RMC, a defesa alega que o chefe do FMI deixou o hotel às 12h, após fazer o check-out, e foi almoçar com sua filha, para depois seguir de taxi para o aeroporto. De acordo com o cronograma, Strauss-Kahn já teria deixado o hotel no momento em que a camareira afirmara ter sido perseguida por ele.

Segundo relatos no hotel, porém, o diretor do FMI saiu com pressa do local e esqueceu vários objetos pessoais. Pouco depois, ligou para o hotel afirmando que tinha esquecido seu celular. Os agentes instruíram, então, aos funcionários a informarem, falsamente, a DSK que estavam com seu telefone. Strauss-Kahn disse, então, que estava prestes a embarcar no aeroporto Kennedy, onde acabou sendo preso.

Figura carismática, Strauss-Kahn liderou o FMI durante a crise financeira global entre 2007 e 2009, pressionando por medidas de estímulo e cortes nas taxas de juros para evitar uma depressão, e tem sido vital nas negociações para solucionar os problemas europeus de dívida.

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