Evidências jogam o escândalo no colo dos irmãos Viana, imperadores do Acre há 14 anos

Reportagem de 14/05/2013 
Desde 1999, o Acre é governado por um mesmo grupo, liderado pelos irmãos Viana — Jorge e Tião —, com o apoio dos fiéis de Marina Silva. Atenção! Eu não estou dando relevo ao fato de que o estado é governado pelo mesmo partido, o PT. Eu estou me referindo é ao grupo. Ao fim da gestão de Tião Viana, em 2014 (e ele poderá concorrer à reeleição), serão 16 anos de poder absoluto exercido pela dupla. Jorge ficou no comando entre 1999 e 2006. Houve, é verdade, um interregno. Em 2007, quando se elegeu o também petista Binho Marques. Sempre foi um, como chamarei?, fiel servidor da fraternidade. Por alguma razão jamais esclarecida, considerou-se que não poderia concorrer à reeleição. Afinal, era a hora de passar a guarda para o outro irmão, o Tião. A eleição foi apertada, quase no olho eletrônico: ele obteve 50,51% dos votos. Há um descontentamento nada latente com a turminha…
Muito bem! Uma operação da Polícia Federal desbaratou um pesado esquema de corrupção no estado. Um sobrinho dos irmãos Viana é um dos 14 presos. Os petistas costumam ser hábeis, não é? Vamos ver como será desta vez. Duas reportagens vindas a público nesta terça indicam que a situação começa a ficar desconfortável para o governador. Leiam trecho da reportagem de Ricardo Brandt e Itaan Arruda, no Estadão. Volto depois.
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Grampos da Operação G7 da Polícia Federal interceptaram um telefonema do governador Tião Viana (PT) para o empreiteiro e ex-presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac) João Francisco Salomão, preso ao lado de outras 14 pessoas suspeitas de fraudar licitações de obras no Estado. Entre os presos na sexta-feira passada está um sobrinho do governador. Na conversa gravada pela PF com autorização judicial, o governador — que não é alvo das investigações — avisa o investigado sobre uma linha de crédito bancário em Sergipe “sem garantia da obra” e “sem amarras”. Segundo o inquérito da PF, a conversa descrita no tópico “Linhas de crédito para capital de giro para as empresas do cartel” evidencia que os empreiteiros presos “tinham proximidade com o poder público”.
Além do sobrinho do governador, Tiago Viana, que é diretor de Análises Clínicas da Secretaria do Estado de Saúde, foram presos na operação o secretário de Obras, Wolvenar Camargo, o diretor-presidente do Departamento de Pavimentação e Saneamento, Gildo César (que tem status de secretário), o ex-secretário de Habitação, Aurélio Cruz, exonerado no início do ano, e o secretário adjunto de Desenvolvimento e Gestão Urbana da prefeitura de Rio Branco, Assuranipal de Mesquita. Dos 15 presos na operação, pelo menos nove são homens de confiança do governador e do ex-governador e atual senador Jorge Viana (PT-AC) — que também não figura entre os investigados.
(…)
Voltei
Há mais presos próximos de Tião Viana do que mensaleiros e aloprados próximos de Lula, não é mesmo?, aquele que nunca sabe de nada. POR QUE DIABOS UM GOVERNADOR DE ESTADO LIGARIA PARA UM EMPREITEIRO PARA AVISAR SOBRE UM CRÉDITO DISPONÍVEL NUM BANCO PÚBLICO SEM EXIGÊNCIA DE OBRAS E CONDICIONANTES? Não tenho a menor ideia. Procurei a explicação de Tião Viana e não encontrei.
Na Folha, forma Fernando Mello:
O governo do Acre, comandado por Tião Viana (PT), era “leniente” com as empresas que participaram de suposta fraudes em licitações no Estado, segundo relatório da Polícia Federal entregue à Justiça. A Folha teve acesso ao documento de 400 páginas. Na sexta-feira passada (10), a PF deflagrou a operação G-7, que prendeu funcionários públicos e empresários. Entre os detidos estavam o secretário de Obras do governo estadual, Wolvenar Camargo, e um sobrinho do governador, Tiago Viana Paiva, diretor de Análises Clínicas da Secretaria Estadual de Saúde.
Em diálogo gravado pela PF em 05 de dezembro de 2012, às 15h19, Wolvenar fala da obra de um hospital orçada em R$ 51 milhões e cobra que os empresários se organizassem para escolher o vencedor antes da licitação. A maior preocupação do secretário, de acordo com o diálogo, era terminar a obra antes da eleição de 2014. A PF escreveu que a “existência do cartel é reconhecida pelo próprio secretário de Obras do governo do Estado do Acre”. O relatório da PF descreve que empresas de fora do Acre foram inabilitadas na licitação. Apenas duas empresas ligadas ao cartel, segundo a polícia, foram puderam disputar. Ainda segundo a PF, o edital previa originariamente a participação de consórcios, mas o governo alterou a regra para proibir a participação desses consórcios. Para os policiais responsáveis pelo relatório, essa foi uma “forma de restringir a concorrência”.
(…)
Retomo
Convenham: tem aparência de gato, mia como gato, comporta-se como gato… O conjunto das evidências sugere que estamos diante de um… gato! Os petistas vão tentar demonstrar que não, que se trata de pavão, jaguatirica, tucano, sei lá eu.
O escândalo, é inegável, estoura no colo dos irmãos Viana, que são, há 14 anos já, os novos imperadores do Acre.

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